quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Galanteando uma nova história

uma nova vida, pode ser; mas no sentido bem figurado, porque essa eu já andei gastando bastante... primeira noite em uma casa que mesmo que me mantenha confortável, ainda gera uma insegurança, um medo, uma cerimônia. É como conversar por longas horas com um recém-conhecido: se cuida a maneira de andar, falar, portar-se. Aos poucos tornamo-nos íntimos e já abrimos a geladeira sem preocupações, andamos semi-nus e nem nos preocupamos tanto com a limpeza e boa aparêcia do local. Seria um comodismo? Eu prefiro acreditar que é apenas um encaixe. Essa palavra me traz uma sensação incrível, esplêndida. Encaixe, é como colocar o carro na baliza com perfeição. Ele simplesmente cabe ali, é perfeito para aquele local. Pois bem, com o tempo me torno perfeita para minha nova casa.

Pensava hoje em como as coisas perdem e ganham sentido facilmente. Basta acrescentá-la ao seu leque de possibilidades e pimba, agora o cenário é outro. A plaquinha com meu nome que ficava na porta do meu quarto quando morava com meus pais hoje não tem sentido ao ser colocada na única porta da casa, quando inicio minha experiência de morar sozinha. Ora bolas, quem mais dormiria naquele quarto?
E as organizações, que dependem de mim e de ninguém mais? Se eu perco algo ou reclamo de qualquer coisa, a culpa é necessariamente minha. Vida dura...

E falar sozinha? hahahaha, confesso que hoje essa postagem está excepcionalmente pessoal. Não resisto e hoje serei pura. Como eu falo sozinha.. acho que se é verdade essa história de que os mortos nos assistem lá de cima, eu garanto boas risadas que substituem perfeitamente uma "Sessão da Tarde" qualquer.

Até agora as coisas tem sido gostosas, considerando a minha prodigiosa transformação de miojo em macarrão tailandês e a liberdade nua e crua de andar vestida ou não em casa. Não vou me gabar... daqui a pouco a noite chega e não tem TV no quarto: sorte, só quero sorte de ter um corpo cansado e uma mente tranquila pra dormir pesado e só levantar com o sol.

Desejo um bom recomeço diário à vocês, caros colegas. E desejo que amanhã, mais do que em qualquer outro dia, o meu recomeço seja, no mínimo, promissor.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

live high... and fall

Hoje escrevo para quem tem problemas de amor. Se você tem outros problemas, tente se encaixar, pois quando estamos com um martelo prestes à cair sob nossas vistas, o que vier é lucro; o problema enunciado sempre se encaixa, é só uma questão de força de vontade. No final, todos temos os mesmos problemas, sofremos do mesmo mal.
Para a euforia dos psicanalistas, hoje eu critico os sintomas; mas não apenas critico, como ataco o x da questão.
Estamos de olhos fechados! Metaforicamente e literalmente, cagamos e andamos para o que acontece em volta. Não é de primeira que eu critico a indiferença das pessoas, mas hoje a coisa saiu dos trilhos.
Você acha que faz o bem? Está envolvido com alguma política pública? Você acha que beneficia alguém? Pois então, te proponho um desafio.
Pense no quanto você conhece o objeto da sua ação. Se você faz caridade, pense no quão amigo você é das pessoas; pense nos seus pacientes, pense no x da questão. Para fazer algo à alguém, é bom conhecer este alguém. É bom entender este alguém. Fazer as coisas de olhos fechados é, dentre tantas ignorâncias que não me ocupo em preencher aqui estas linhas vazias, uma hipocrisia.
A política é pública porque pressupõe uma ação voltada ao público. Quem praticará esta ação? Quem atingirá o público? Quem se arriscará a se meter num mundo de subjetividade desconhecida e imprevisível? Você.
É mesmo?
Isto é um problema de amor. Veja bem, se você quer estar com alguém, precisa fazer algo para que isto aconteça. Se você já sabe quem é este alguém, meio caminho está traçado. Tra-ça-do, não andado. Na parte da ação, garanto que metade dos que lêem aqui empacam. Eu, por exemplo, empaco no amor.
Me envergonho, e me orgulho em dizer que me envergonho. Mas eu não cruzo os braços e fico parada só repetindo que não faço. Cotidianamente eu luto para ser o melhor pra mim.
Você não empaca? Ora, caros colegas..temos aqui um aparente valentão.
Para se fazer algo à alguém, precisa-se atingir o alguém, chegar frente a frente, sentir o "ventinho da boca" desse alguém e aí sim fazer o que se propõe.

Aconteceram coisas que em si não me provocaram tanta tristeza ou pena. A reação dos outros frente aos acontecimentos é que me chocam. Melhor dizendo: a não-reação. A população está anestesiada! Ninguém se preocupa com o sentimento alheio?
Olhem, seus individualistas, pode ser influência do Pinchonzinho, mas eu tô fula com essa visão estreita cavalar que vocês nutrem.
Se você pensa fazer política pública, saia da sua sala, deixe o seu café esfriar, tire estes óculos de meio grau de astigmatismo da cara e vá até a esquina. Observe não só o que você está acostumado a diagnosticar como problema da sociedade. Vá até o dito problema e desmistifique.
FAÇA a política ser pública. Caso contrário, ela não passa da fronteira do privado; não se engane por a Universidade ser Instituição pública. Ali dentro tem mais falcatrua do que se pensa.

Olhe para o lado, olhe para o lado, olhe para os lados, olhe para o mundo.
Não se canse de olhar. Quando seus olhos não filtrarem mais as imagens, faça alguma coisa, fala qualquer coisa, faça coisas. Não canse de fazer, e se cansar, desista. Mas não volte mais. Seja mais um engravatado que diz se importar com o povo, fazendo orgia com o alheio.

Hoje escrevo para quem tem problemas de amor. Todos temos...qualquer problema. Não morra indiferente, você tem a capacidade de pensar e de fazer, por que desperdiçar? Se tornar autômato. Seja humano e mostre o que é ser humano. Evolua, por favor, evolua.

Quem te viu, quem te vê, ele disse algo bom:

"Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público" (Thomas Jefferson)


Você.. é propriedade de(o) quem(quê)?