Tomei a melhor decisão que me apareceu no momento. Opções:
lembrar
elaborar
esquecer
apagar (x)
Não sei mais viver sem usar alguma teoria como base que me ajude a organizar pensamentos e aí agir de uma forma coerente. Não sei mais. Estou afogada em um mundo que promete melhoras quando falamos do que machuca e confesso, quero resistir a isto. Passei por várias fases de elaboração desse luto e acho que me livrei bem de todas elas. Tá liberado o acesso, meu bem, pode investigar que os machucados que restaram são puramente derivados da experiência que tivemos, então cicatrizam rápido. Aos poucos vai se tornando entendível que na vida poucas são as coisas que duram muito e entre elas, estão as piores. Doenças, guerras e saudades duram demais quando utilizamos o parâmetro da consciência e desejo. Um orgasmo, um flerte e o delicioso sabor de uma carne duram pouco considerando que são tão bons, e que obviamente sempre vamos querer mais. O que valoriza a conquista do próximo orgasmo, do próximo flerte e da próxima mordida de carne é justamente a falta que isso nos faz. É como redescobrir a sensação de estar ali.
Porém, mesmo depois de admitir que apagando o que é visível ainda estará presente a lembrança do objeto, opto por resistir porque não aguento mais elaborar tanto.
Não quero apagar as lembranças, gosto delas, elas me fazem aprender. O que eu quero é fazer algo, agir de um jeito ou de outro pra te tirar das minhas fuças com essa cara de quem ainda não entendeu.
Engraçado ( e esta é a minha palavra pra simbolizar "olhem como os fatos tem correspondências"), mas hoje eu revi um vídeo de um psiquiatra que participou de uma edição de um reality show e me deparei com um questionamento maravilhoso (e esta é a palavra que eu utilizo pra expressar o que esta bosta de consciência me proporciona numa terça à tarde).
Com tanta consciência das coisas, técnicas apreendidas, teorias bem lidas e uma clareza assustadora no pensamento, como fazer para que estes atributos - que utilizados com pacientes resultam numa melhora significativa - possam ser aplicados à nós?
Resumo do caso: o psiquiatra se desequilibrou e se mostrou a pessoa menos sã da casa. Foi embora e ainda é lembrado como um homem inseguro que não conseguia levar a vida leve. Milan Kundera nos lembra que a vida faz sentido quando é tida como peso, pois aí é que nos importamos, quando ela toca no chão.
Fiquei pensando em como eu resolvo os meus problemas e confesso, quando uso o que aplico eu raramente faço alguma coisa grandiosa e admirável. Fica bonito conversar, ter calma e admitir erros. Quando eu me descontrolo, ouço o coração, faço coisas que na hora não fazem sentido, me sinto aliviada por - de fato - ter feito alguma coisa! Por ter reagido, por mais que a razão desconheça o motivo e as consequências disto. É como um escape da razão.
Te apaguei e não me arrependo. Talvez eu pense no que você pensará se perceber que não está mais tão visível assim, mas isso é algo natural, eu dependo do que os outros pensam mesmo, isso nunca é novidade, independente de quantas vezes eu redescubra. Te apaguei num portal e quero te apagar de muito mais pelo parco sofrimento que em alguns dias eu deixei aflorar em minha pele e devastar meu coração. Foi válido, mas isso não significa que eu admire você por ser o mínimo: homem. Coragem de colocar a cara a tapa, falar olho no olho, responder ao menos. Isso faltou e eu realmente espero que você aprenda um dia a valorizar o que tem por perto. Se eu fui demais pra sua cabeça chapada e danificada por tanta ingestão de merda, é uma pena. Demorou um pouco mas eu consegui entender o que significa a expressão "amor próprio". Pra muito além de se amar, existem outros sentimentos altamente relevantes na hora de amar alguém. Desde o respeito até a consideração que damos ao que nós mesmos falamos e sentimos.
Você não soube lidar com a bagunça, com a complexidade. Quem sabe? Mas quem foge? Você é um covarde.
Me parece que eu cuspi fogo, e que seja assim, fiz sem pensar duas vezes e me sinto muito bem.
Te apaguei e sei que apagar não faz esquecer, mas ajuda a não lembrar.
Se te encontrar, certamente o clima será amistoso e eu tenho absoluta certeza de que não guardo rancor, apenas enxergo claramente que o que eu quero você não tem capacidade pra oferecer. Pelo menos não agora, e se bem tivesse, não serviria mais. Quero mais, muito mais.
O psiquiatra não respondeu à sanidade, gritou bem alto o que era e não pareceu ter vergonha. É humano, erra mesmo. Nessa entrevista que vi hoje, ele finaliza dizendo: "se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi"
Parafraseando o cara pôde dizer o que eu tanto acredito: como é bom sentir e não estar anestesiado pelas coisas que nos rodeiam. Como é bom sentir um cheiro, por mais desagradável que seja. Podemos identificá-lo e classificarmos como "cheiro indesejado".
Como é bom rir, chorar, sentir saudade, dor, êxtase, ficar com água na boca, sentir o ar faltar e a perna tremer. Isso significa estar vivo. E se eu precisei tirar a roupa no telhado e me fazer de volúvel no fundo do ônibus pra entender o é que estar viva após você negar o mínimo que é um carinho, que bom. Estive viva e pensei que estivesse morta. Ou vice versa; mas o que importa é que eu fiz alguma coisa, mais tarde, menos tarde.
Saí do entorpecente que você esfregou em meu rosto e que me fez dormir por três meses a fio.
Me libertei de uma prisão que de alguma forma ainda se mostra viva, que ainda traz lembranças e que ainda será assunto foco de discussões futuras. Mas a sensação de estar viva e de sentir uma listra de ódio por ter caído de otária e ao mesmo tempo sentir uma explosão de orgulho por ter aprendido já me deixa razoavelmente satisfeita.
Bem sabe o orkut que me diz que é impossível planejar o futuro pensando no passado. Meu futuro tá na minha porta, vou lá atender, imbecil.
Os personagens de meu romance são minhas próprias possibilidades,que não foram realizadas.É o que me faz amá-los,todos,e ao mesmo tempo temê-los.Uns e outros atravessaram uma fronteira que me limitei apenas a contornar.O que me atrai é essa fronteira que eles atravessam(fronteira além da qual termina o meu eu).É somente do outro lado que começa o mistério que o romance interroga.O romance não é uma confissão do autor,mas uma exploração do que é vida humana na armadilha que se tornou o mundo.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
franco sem atirador
hoje eu to incrivelmente de bem com a agonia. deixa ela passar, tô nem aí.
assumi um controle de uma poltrona que eu jamais pensei ocupar. talvez por descrença, por ver que não é tão perfeito assim, eu tenha pisado na realidade. de alguma forma isso conforta. se ser leve faz flutuar, cria uma idealização que entorpece, mas estapeia. quando pesa, pisamos no concreto e aí fica tudo claro, nem tão bonito, mas limpo.
assumi um controle de uma poltrona que eu jamais pensei ocupar. talvez por descrença, por ver que não é tão perfeito assim, eu tenha pisado na realidade. de alguma forma isso conforta. se ser leve faz flutuar, cria uma idealização que entorpece, mas estapeia. quando pesa, pisamos no concreto e aí fica tudo claro, nem tão bonito, mas limpo.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
yeah.. gonna make it better.
hoje eu quero falar, tá dando pirepaque no tico e no teco que querem papear até não poder mais hoje. quem sabe por ânimo já que as dores de cabeça vão acabar à espera de novos óculos, talvez por saber/supor que a companhia volta.
olha que gênio. tô apaixonada por esse livro, por essas linhas, que não traduzem o que eu penso, já que eu não me encaixo no exemplo primordial do livro, mas que fazem algo semelhante ao que um ancião faz com o aprendiz. ele encanta, ensina, mesmo que o conhecimento só venha quando não precisamos mais dele.
"aconselhar é mamão com mel. esquecer que você gostava mais de si quando rodeado é dose pra rinoceronte. a saudade é o subterfúgio, o cano de descarga. o ruim é saber se alivia ou amputa, se atalha ou enrosca, se arranca ou enraíza mais. lembrar fulano é como imaginar um filhotinho mimoso de gato persa sendo amarrado numa sacola de lixo escura, com nó de marinheiro e sendo jogado no oceano, além da área reservada aos tubarões brancos. alguém aí pra lhe abraçar? não, só eu aqui do outro lado, suspeitando seu lacrimejar."
diz que a saudade é algo do passado que se sente no presente, que ela é prova de que valeu à pena e de que naturalmente queremos repetir a dose. ela dá o gosto de uma relação ficar se renovando como um sistema de retroalimentação, numa tentativa de quebrar a rotina que poderia fragilizar os laços por um excesso desgastante de contato.
o desejo é descoberto e sentido pela falta, não é novidade. o que a gente não tem ao alcance das mãos provoca uma vontade de ter, talvez pelo homem ser movido pela sua curiosidade, pelo desejo de descobrir o novo.
ele foi e ja deu saudade. e é bom! pode ser bom.. mas agora, nesse instante, é bom.
olha que gênio. tô apaixonada por esse livro, por essas linhas, que não traduzem o que eu penso, já que eu não me encaixo no exemplo primordial do livro, mas que fazem algo semelhante ao que um ancião faz com o aprendiz. ele encanta, ensina, mesmo que o conhecimento só venha quando não precisamos mais dele.
"aconselhar é mamão com mel. esquecer que você gostava mais de si quando rodeado é dose pra rinoceronte. a saudade é o subterfúgio, o cano de descarga. o ruim é saber se alivia ou amputa, se atalha ou enrosca, se arranca ou enraíza mais. lembrar fulano é como imaginar um filhotinho mimoso de gato persa sendo amarrado numa sacola de lixo escura, com nó de marinheiro e sendo jogado no oceano, além da área reservada aos tubarões brancos. alguém aí pra lhe abraçar? não, só eu aqui do outro lado, suspeitando seu lacrimejar."
diz que a saudade é algo do passado que se sente no presente, que ela é prova de que valeu à pena e de que naturalmente queremos repetir a dose. ela dá o gosto de uma relação ficar se renovando como um sistema de retroalimentação, numa tentativa de quebrar a rotina que poderia fragilizar os laços por um excesso desgastante de contato.
o desejo é descoberto e sentido pela falta, não é novidade. o que a gente não tem ao alcance das mãos provoca uma vontade de ter, talvez pelo homem ser movido pela sua curiosidade, pelo desejo de descobrir o novo.
ele foi e ja deu saudade. e é bom! pode ser bom.. mas agora, nesse instante, é bom.
cause i need more time just to make things right
eu não escolhi, eu juro, dessa vez eu fui pega de surpresa. e como chegar à esta conslusão é gostoso.. saber que alguma força agiu e conseguiu me fisgar de um jeito bacana, sem o meu controle. que bom isso! não é uma paixão doentia, tampouco uma indiferença.. posso dizer que se assemelha a ficar de olho, atenta, disponível.
Depois que Carlos partiu, Soraya chegou ao seguinte trevo: ou eu continuo fazendo do jeito que eu fiz e permaneço contendo lágrimas que deveriam sair ou resolvo mudar postura e daí, como diz platão, aprender. Ela soube desde o início que não seria algo duradouro, se colocou naquela poltrona da nave que parte para o infinito, sem nada definido. Foi e não se arrependeu, mas quando acabou a gasolina, Carlos surgiu com outra nave que estava acoplada sem que ela percebesse e se mandou, deixando ela no meio do espaço, sem formas rápidas de acabar com a ideia de nada que surgia e a sufocava. Era uma asfixia garantida: ela certamente encararia de frente o fantasma do buraco, do que ali faltou.
Foi pra terapia e descobriu muito desse tal buraco, esse que a gente tenta completar com compulsões, sejam elas quais forem.
A partir daí passou a valorizar a sua companhia. Deixou Carlos como referência e lembrará dele com ternura, mas não pode escapar de se sentir uma otária frente a algumas situações passadas.
Normal, se o passado fosse sempre agradável e digno de aprendizado, a gente não veria graça em tentar algo novo. O bom é sentir vergonha quando lembramos de um tombo, de nos arrependermos, de mantermos uma angústia pelo que foi ou não foi feito, pois assim permanece viva a ideia de que precisamos nos machucar um pouco pra não fazermos de novo. E olha que isso não é garantia.
Quando Soraya se deu por conta, já haviam outros figurões na parada.. ela sentiu que não queria se envolver com nenhum e disse 'não'. Simpático, porém certeiro 'não'. Ela sabia que não queria, só isso. O motivo, nem interessou. O importante é que ela soube se escutar.. e isso, caros leitores, é raro. Alguém que tenha sensibilidade e paciência suficientes para se escutar e fazer o que realmente precisa ser feito não é tarefa bonita. É árdua, porque nem sempre conseguimos descifrar nossos desejos, quem dirá realizá-los do nosso jeito. Soraya virou uma página, mas deixou marcada para poder voltar quando precisasse. E como precisou. Era um degrau de sua vida, se apagá-lo parece uma ideia confortadora, também condena a tropeçar numa nova subida.
Ela pôde dizer 'não' naquela noite e acabou descobrindo um universo de 'sim' em outra pessoa que nem era tão apariça assim. Não dá pra garantir que foi por acaso.. até porque uma atração já havia sido traçada e é óbvio que aquele primeiro olhar com um sorriso maldoso e chapado no canto da boca significam algo. Ela conseguiu ter paciência pra se descobrir, descobrir o outro, descobrir o 'entre'.
Está nessa e as vezes tem vontade de pular fora, mas aí ela se olha e pergunta: pular fora DO QUE? não estou nem dentro, são só pensamentos, hipóteses, riscos. Nada que fuja da eventual vida que vivemos todos os dias. Parece que espera algo grandioso acontecer quando na verdade já está acontecendo. O filme "poder além da vida" fala tanto disso. soc, brigada!
Soraya conversa com Paula e não consegue dizer como fazer pra se desprender.. é algo que faz parte da história dela, Paula não entenderia só por palavras. O negócio é ir e tentar, experimentar, pular, se jogar. É um risco que vale à pena. Cada segundo dos três meses, Carlos, foi uma página de aprendizado que hoje percebo ser indizível.
Gabito nunes confirmou o que Marcel rufo me disse outro dia: a gente só esquece um amor quando se vê noutro, meio que numa comparação do objeto ao qual destinamos o nosso afeto. Substituímos as pessoas que de alguma forma saem de cena. Podem continuar na peça em lembranças, podem continuar atrás das cortinas e fazer parte do elenco, mas a apresentação ao público já acabou, então há de se criar uma forma de lidar com o que não está mais ali. Substituímos os pais quando não estamos mais perto deles, por mais que nos falemos diariamente. Substituímos o melhor amigo quando nos distanciamos; por outro amigo, por comida, por namorada, por professor, por qualquer outra forma de investimento libidinal que tenha como destino um objeto. O objeto pouco importa, ele varia. O que realmente pode ser aproveitado é o que transita entre um e outro: o sentimento. Esse continua o mesmo e pode ser investido em qualquer um que se mostre como depositário.
O bom de estudar e se interessar por isso é que nós temos consciência de que esta substituição é necessária e que eventualmente ao fim de uma relação está dentro do "saudável" comer mais ou menos, correr mais ou menos, dormir mais ou menos, fazer algo excessivamente ou parar de fazer pelo simples fato de que estamos readaptando nossas vidas a outro molde de funcionamento. Pelo simples fato de que estamos preocurando compensar a angústia da separação com outra coisa que muitas vezes escapa à compreensão. O bom de estudar e se interessar por isso é que quando descobrimos o alvo da compulsão, não nos assusta mais. O que está encoberto é o que sentimos, e não por quem sentimos.
Sabendo o que sentimos e repetindo a pergunta do post anterior, o que fazer com isso?
Depois que Carlos partiu, Soraya chegou ao seguinte trevo: ou eu continuo fazendo do jeito que eu fiz e permaneço contendo lágrimas que deveriam sair ou resolvo mudar postura e daí, como diz platão, aprender. Ela soube desde o início que não seria algo duradouro, se colocou naquela poltrona da nave que parte para o infinito, sem nada definido. Foi e não se arrependeu, mas quando acabou a gasolina, Carlos surgiu com outra nave que estava acoplada sem que ela percebesse e se mandou, deixando ela no meio do espaço, sem formas rápidas de acabar com a ideia de nada que surgia e a sufocava. Era uma asfixia garantida: ela certamente encararia de frente o fantasma do buraco, do que ali faltou.
Foi pra terapia e descobriu muito desse tal buraco, esse que a gente tenta completar com compulsões, sejam elas quais forem.
A partir daí passou a valorizar a sua companhia. Deixou Carlos como referência e lembrará dele com ternura, mas não pode escapar de se sentir uma otária frente a algumas situações passadas.
Normal, se o passado fosse sempre agradável e digno de aprendizado, a gente não veria graça em tentar algo novo. O bom é sentir vergonha quando lembramos de um tombo, de nos arrependermos, de mantermos uma angústia pelo que foi ou não foi feito, pois assim permanece viva a ideia de que precisamos nos machucar um pouco pra não fazermos de novo. E olha que isso não é garantia.
Quando Soraya se deu por conta, já haviam outros figurões na parada.. ela sentiu que não queria se envolver com nenhum e disse 'não'. Simpático, porém certeiro 'não'. Ela sabia que não queria, só isso. O motivo, nem interessou. O importante é que ela soube se escutar.. e isso, caros leitores, é raro. Alguém que tenha sensibilidade e paciência suficientes para se escutar e fazer o que realmente precisa ser feito não é tarefa bonita. É árdua, porque nem sempre conseguimos descifrar nossos desejos, quem dirá realizá-los do nosso jeito. Soraya virou uma página, mas deixou marcada para poder voltar quando precisasse. E como precisou. Era um degrau de sua vida, se apagá-lo parece uma ideia confortadora, também condena a tropeçar numa nova subida.
Ela pôde dizer 'não' naquela noite e acabou descobrindo um universo de 'sim' em outra pessoa que nem era tão apariça assim. Não dá pra garantir que foi por acaso.. até porque uma atração já havia sido traçada e é óbvio que aquele primeiro olhar com um sorriso maldoso e chapado no canto da boca significam algo. Ela conseguiu ter paciência pra se descobrir, descobrir o outro, descobrir o 'entre'.
Está nessa e as vezes tem vontade de pular fora, mas aí ela se olha e pergunta: pular fora DO QUE? não estou nem dentro, são só pensamentos, hipóteses, riscos. Nada que fuja da eventual vida que vivemos todos os dias. Parece que espera algo grandioso acontecer quando na verdade já está acontecendo. O filme "poder além da vida" fala tanto disso. soc, brigada!
Soraya conversa com Paula e não consegue dizer como fazer pra se desprender.. é algo que faz parte da história dela, Paula não entenderia só por palavras. O negócio é ir e tentar, experimentar, pular, se jogar. É um risco que vale à pena. Cada segundo dos três meses, Carlos, foi uma página de aprendizado que hoje percebo ser indizível.
Gabito nunes confirmou o que Marcel rufo me disse outro dia: a gente só esquece um amor quando se vê noutro, meio que numa comparação do objeto ao qual destinamos o nosso afeto. Substituímos as pessoas que de alguma forma saem de cena. Podem continuar na peça em lembranças, podem continuar atrás das cortinas e fazer parte do elenco, mas a apresentação ao público já acabou, então há de se criar uma forma de lidar com o que não está mais ali. Substituímos os pais quando não estamos mais perto deles, por mais que nos falemos diariamente. Substituímos o melhor amigo quando nos distanciamos; por outro amigo, por comida, por namorada, por professor, por qualquer outra forma de investimento libidinal que tenha como destino um objeto. O objeto pouco importa, ele varia. O que realmente pode ser aproveitado é o que transita entre um e outro: o sentimento. Esse continua o mesmo e pode ser investido em qualquer um que se mostre como depositário.
O bom de estudar e se interessar por isso é que nós temos consciência de que esta substituição é necessária e que eventualmente ao fim de uma relação está dentro do "saudável" comer mais ou menos, correr mais ou menos, dormir mais ou menos, fazer algo excessivamente ou parar de fazer pelo simples fato de que estamos readaptando nossas vidas a outro molde de funcionamento. Pelo simples fato de que estamos preocurando compensar a angústia da separação com outra coisa que muitas vezes escapa à compreensão. O bom de estudar e se interessar por isso é que quando descobrimos o alvo da compulsão, não nos assusta mais. O que está encoberto é o que sentimos, e não por quem sentimos.
Sabendo o que sentimos e repetindo a pergunta do post anterior, o que fazer com isso?
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
proust, me ajuda
"Me diga que está triste, eu consolo. Me diga que nunca foi tão feliz, eu concordo. Me ame ou me odeie. Me mande pra puta-que-o-pariu ou me convide pra ir com você. Exploda na minha cara ou se derreta na minha mão. Deixa eu te ver morrendo de tanto rir ou com vergonha das olheiras de tanto chorar. Só não me esconda o rosto. Me abrace, me esmurre, me lamba ou me empurre. Só não me balance os ombros. Não me perturba assistir tua dor nem acompanhar teu gás. Te ver mais ou menos realmente me incomoda. Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe." gabito nunes
Não é meu, mas fala o que eu quero falar e expressa o que eu quero expressar. Faz sentir o que eu sinto e traduz em palavras coisas que eu gostaria de conseguir fazer. Eu ando sem inspiração, querendo contar algo que eu não entendo o que é, tampouco consigo transpor em palavras. É tão difícil. Meu orientador diria que eu posso falar sobre isso, sobre a dificuldade de ler o momento, se render. Palmas para ele. Tô tentando, mas eu sei que o que me falta agora pra disparar histórias e análises com frequentes reticências é algo mais no fundo.
Tenho medo de voltar a sentir aquelas borboletas no estômago por alguém que não esteja exatamente nesta sintonia. Tenho medo de, agora que consigo respirar fora da âncora que me prendia, tudo volte a ser como era antes. Se apaixonar é gostoso, mas se recuperar é muito bom quando se aprende alguma coisa.
Será que existe momento pra se estar pronto novamente?
Por que essa transição me inquieta? Estar ou não estar, ser ou não ser, viver no mais ou menos me tranca a garganta e isso estranha o corpo inteiro, que já nem me transmite mais o que eu possa entender e executar.
Acordar, sentir sono e ter vontade de levantar. Nem fome, nem sede, mas preciso do café da manhã. Cansaço, preguiça e muita vontade de sair correndo por aí.
Tantas opções, nenhuma que brilhe aos meus olhos e me faça grudar na ideia de que alguma coisa ainda valha a pena.
Eu disse que em janeiro eu estaria em banho maria, preciso aprender a mergulhar nessa água rasa que cozinha por horas e horas.
Talvez a ansiedade e o apego aos primeiros que me aparecem sejam reações naturais.
Será?
eu sinto falta de alguma coisa que eu não sei se é pessoa, momento, seiláoque.
Não quero falar por mim, me faltam as palavras, me dói saber que não dá pra recortar o que eu sinto e fazer sentido. Pode ser que quem me disse estivesse certo, que alguns momentos não precisam passar pelo "penso"; eles podem ficar na gavetinha do "sinto". que agonia.
Shakespeare me disse no ouvido assim: "não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito".
pronto, agora eu preciso saber o que fazer com isso. merda.
Não é meu, mas fala o que eu quero falar e expressa o que eu quero expressar. Faz sentir o que eu sinto e traduz em palavras coisas que eu gostaria de conseguir fazer. Eu ando sem inspiração, querendo contar algo que eu não entendo o que é, tampouco consigo transpor em palavras. É tão difícil. Meu orientador diria que eu posso falar sobre isso, sobre a dificuldade de ler o momento, se render. Palmas para ele. Tô tentando, mas eu sei que o que me falta agora pra disparar histórias e análises com frequentes reticências é algo mais no fundo.
Tenho medo de voltar a sentir aquelas borboletas no estômago por alguém que não esteja exatamente nesta sintonia. Tenho medo de, agora que consigo respirar fora da âncora que me prendia, tudo volte a ser como era antes. Se apaixonar é gostoso, mas se recuperar é muito bom quando se aprende alguma coisa.
Será que existe momento pra se estar pronto novamente?
Por que essa transição me inquieta? Estar ou não estar, ser ou não ser, viver no mais ou menos me tranca a garganta e isso estranha o corpo inteiro, que já nem me transmite mais o que eu possa entender e executar.
Acordar, sentir sono e ter vontade de levantar. Nem fome, nem sede, mas preciso do café da manhã. Cansaço, preguiça e muita vontade de sair correndo por aí.
Tantas opções, nenhuma que brilhe aos meus olhos e me faça grudar na ideia de que alguma coisa ainda valha a pena.
Eu disse que em janeiro eu estaria em banho maria, preciso aprender a mergulhar nessa água rasa que cozinha por horas e horas.
Talvez a ansiedade e o apego aos primeiros que me aparecem sejam reações naturais.
Será?
eu sinto falta de alguma coisa que eu não sei se é pessoa, momento, seiláoque.
Não quero falar por mim, me faltam as palavras, me dói saber que não dá pra recortar o que eu sinto e fazer sentido. Pode ser que quem me disse estivesse certo, que alguns momentos não precisam passar pelo "penso"; eles podem ficar na gavetinha do "sinto". que agonia.
Shakespeare me disse no ouvido assim: "não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito".
pronto, agora eu preciso saber o que fazer com isso. merda.
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