segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

proust, me ajuda

"Me diga que está triste, eu consolo. Me diga que nunca foi tão feliz, eu concordo. Me ame ou me odeie. Me mande pra puta-que-o-pariu ou me convide pra ir com você. Exploda na minha cara ou se derreta na minha mão. Deixa eu te ver morrendo de tanto rir ou com vergonha das olheiras de tanto chorar. Só não me esconda o rosto. Me abrace, me esmurre, me lamba ou me empurre. Só não me balance os ombros. Não me perturba assistir tua dor nem acompanhar teu gás. Te ver mais ou menos realmente me incomoda. Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe." gabito nunes

Não é meu, mas fala o que eu quero falar e expressa o que eu quero expressar. Faz sentir o que eu sinto e traduz em palavras coisas que eu gostaria de conseguir fazer. Eu ando sem inspiração, querendo contar algo que eu não entendo o que é, tampouco consigo transpor em palavras. É tão difícil. Meu orientador diria que eu posso falar sobre isso, sobre a dificuldade de ler o momento, se render. Palmas para ele. Tô tentando, mas eu sei que o que me falta agora pra disparar histórias e análises com frequentes reticências é algo mais no fundo.
Tenho medo de voltar a sentir aquelas borboletas no estômago por alguém que não esteja exatamente nesta sintonia. Tenho medo de, agora que consigo respirar fora da âncora que me prendia, tudo volte a ser como era antes. Se apaixonar é gostoso, mas se recuperar é muito bom quando se aprende alguma coisa.
Será que existe momento pra se estar pronto novamente?
Por que essa transição me inquieta? Estar ou não estar, ser ou não ser, viver no mais ou menos me tranca a garganta e isso estranha o corpo inteiro, que já nem me transmite mais o que eu possa entender e executar.
Acordar, sentir sono e ter vontade de levantar. Nem fome, nem sede, mas preciso do café da manhã. Cansaço, preguiça e muita vontade de sair correndo por aí.
Tantas opções, nenhuma que brilhe aos meus olhos e me faça grudar na ideia de que alguma coisa ainda valha a pena.
Eu disse que em janeiro eu estaria em banho maria, preciso aprender a mergulhar nessa água rasa que cozinha por horas e horas.
Talvez a ansiedade e o apego aos primeiros que me aparecem sejam reações naturais.
Será?
eu sinto falta de alguma coisa que eu não sei se é pessoa, momento, seiláoque.
Não quero falar por mim, me faltam as palavras, me dói saber que não dá pra recortar o que eu sinto e fazer sentido. Pode ser que quem me disse estivesse certo, que alguns momentos não precisam passar pelo "penso"; eles podem ficar na gavetinha do "sinto". que agonia.

Shakespeare me disse no ouvido assim: "não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito".

pronto, agora eu preciso saber o que fazer com isso. merda.

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