sexta-feira, 25 de setembro de 2009

illusion never changed

I wonder how, I wonder why. Yesterday you told me about the blue blue sky and all that I can see, is just another lemon tree. (!!!!!)

não é à toa que isolamos ou loucos. colocamos todos os nossos defeitos debaixo do tapete quando condenamos alguém por falar coisas absurdas e desagradáveis. coisas que nós não queremos ouvir. pois bem, Paulo Coelho ilustra em Veronika Decide Morrer um trecho de uma lenda que ajuda a pensar no quanto estamos deturpando valores:

{(...)"Um poderoso feiticeiro, querendo destruir um reino, colocou uma poção mágica no poço onde todos os seus habitantes bebiam. Quem tomasse aquela água, ficaria louco.
Na manhã seguinte, a população inteira bebeu, e todos enlouqueceram, menos o rei - que tinha um poço só para si e sua sua família, onde o feitiçeiro não conseguira entrar. Preocupado, ele tentou controlar a população, baixando uma série de medidas de segurança e saúde pública: mas os policiais e inspetores haviam bebido a água envenenada, e acharam um absurdo as decisões do rei, resolvendo não respeitá-las de jeito nenhum.
Quando os habitantes daquele reino tomaram conhecimento dos decretos, ficaram convencidos de que o soberano elouquecera, e agora estava escrevendo coisas sem sentido. Aos gritos, foram até o castelo e exigiram que renunciasse.
Desesperado, o rei prontificou-se a deixar o trono, mas a rainha o impediu, dizendo: 'vamos agora até a fonte, e beberemos também. Assim, ficaremos iguais à eles'.
E assim foi feito: o rei e a rainha beberam a água da loucura, e começaram imediatamente a dizer coisas sem sentido. Na mesma hora, os seus súditos se arrependeram: agora que o rei estava mostrando tanta sabedoria, por que não deixá-lo governando o país?
O país continuou em calma, embora seus habitantes se comportassem muito diferente de seus vizinhos. E o rei pôde governar até o final dos seus dias" (...)

Veronika riu.
- Você não parece louca - disse.
- Mas sou, embora esteja sendo curada, porque o meu caso é simples: basta recolocar no organismo uma determinada substância química. Entretanto, espero que estea substância resolva apenas o meu problema de depressão crônica; quero continuar louca, vivendo minha vida da maneira que sonho, e não da maneira que os outros desejam. Sabe o que existe lá fora, além dos muros de Villete?
- Gente que bebeu do mesmo poço.
- Exatamente - disse Zedka. - Acham que são normais, porquem todos fazem a mesma coisa. Vou fingir qu também bebi daquela água.}

Seriam os loucos então os que nos falam a verdade e nós, por estarmos tão acovardados e prepotentes os excluímos e tampamos o sol com a peneira? Mas não faz sentido.. por que o homem não quer mais a verdade? Será o mal estar da atualidade? (Freud se remexeu agora no túmulo, deu pra sentir). O fato é que estamos cada dia mais acomodados na posição de não sentirmos desconforto. Não queremos incomodação, então não ouvimos a verdade: nos conformamos com a mentira. A doce mentira.

Louco, paranóico, com sintomas persecutórios, narcísicos, esquizóides e sociopatas. Podemos tachá-lo de 'antissocial' ou nós é que somos inadequados?

Se dizemos o que sentimos, somos idiotas, sem noção, neuróticos absolutos e completamente descabidos. Se omitimos a verdade, ficamos angustiados e fingimos que está tudo bem então somos 'normais' e aceitáveis? Então leva o prêmio quem mais fingir?

Pois não, às vezes me aparece aquele fio de loucura intrínseco e me sobe a vontade de falar com todas as letras o que sinto naquele momento, por mais impertinente que esta fala soe. O álcool, não nego, ajuda este processo a se concretizar. Mas o mais legal dessa brincadeirinha de criança supimpa é que mesmo sóbria a vontade bate na porta e muitas vezes - analiso ou não? - eu não a deixo entrar. Eu resisto e finjo. Que feio.. hipócrita!

Aí eu não deixo a sinceridade falar mais alto que a censura e tranco. Logo alguns fatos sucedem e eu passo a pensar que se tivesse dito tal coisa teria sido diferente. Aí fantasio também (porque vem sempre no pacote de BRINDE) que o que o dito cujo faz ou fala tem a ver comigo e com a minha não-fala. Como ele poderia ter adivinhado que eu queria dizer aquilo? Será mesmo que ele falou aquilo de brincadeira ou teve fundo de verdade?

Essa vigilância cansa, mas seria tão errado eu pensar que tudo o que acontece em volta tem relação com a minha existência? Se dizemos que por si só o ser humano é egocêntrico, por que espantar-se com a auto promoção através de fatos alheios?

E não sei.
mesmo
mas esse post foi pra você sim, não é paranóia.

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