sábado, 18 de dezembro de 2010

ínterim (?)

nada mais sobrou, então não vou fugir de nada, vou apenas dar um tempo pra que as coisas voltem a aparecer na minha vida como se fossem frescas, puras, quase virgens. assim, é bom se enganar um pouco achando que num novo ano vai ser como nas boas épocas de Malhação: tudo novo, com cheirinho de velho. ou seria o contrário?

O Freud sempre vem à minha mente quando penso nisso e não é à toa, pois ele tanto me ensinou sobre a repetição. A gente conhece pessoas novas e se envolve em relações que parecem únicas, cheias de aventuras e novidades. Engano nosso se pensarmos que seremos completamente diferentes.. no fundo a nossa intenção é a mesma, só está sendo revelada de uma forma diferente.
Pensa, com seus pais, tios, primos, irmãos, professores, namorados, amigos, conhecidos, nós sempre encenamos da mesma forma quando se chega a uma situação-limite. Fugimos? encaramos? ficamos bravas e travadas? Choramos? Rimos? Um roteiro bem escrito daqui pra frente seria quase o mesmo do que tecer uma retrospectiva. Nós continuamos os mesmos, só não sabemos o que há por vir, e é aí que reside a diferença entre passado e futuro.
Diz ela, muito sábia, que tornando as coisas conscientes, dizíveis, elaboramos uma forma de não continuar repetindo comportamentos que nos fazem mal. De fato, e daí eu bato palmas de pé para a psicanálise. Porém.. será que sempre vale tirar o pano e mostrar a sujeira? Saber dos pormenores de cada relação que estabelecemos é necessário? Se ela quiser construir uma barsa de como é com cada um que encontra, pode ser que o esforço valha à pena.

Falo muito e às vezes sinto que não digo nada. Andando em círculos, voltando pro mesmo ponto, parece que não houve avanço.. talvez esta seja a época para que não haja avanços. Talvez seja a hora de armazenar, aquietar, sentir, reservar. Se fevereiro e março estão agitados, assim como o resto do ano, o melhor é colocar janeiro em banho maria.

Nenhum comentário: