domingo, 12 de dezembro de 2010

obj. 'a', 'b', 'c', ∞

dizem por aí que sonhar só é bom quando temos bons planejamentos para realizar o que queremos, assim evitaríamos a frustração. eu discordo.. alcançar o sonho, como diz carpinejar, não seria falta de ambição por não conseguirmos sonhos tão bons ao ponto de não serem alcançáveis?
se a Fabi tivesse me escutado naquela noite talvez tivesse grandes problemas pra levar à terapia agora.. ela não se rendeu à tentação de preencher, ilusoriamente, o vazio e parece que se orgulha disso, porque agora o que ela quer é tão mais emocionante quanto a trajetória que vem pela frente.
Nem envergonhada tampouco em terra firme Fabi soube que a partir daquela primeira conversa os papéis certamente seriam invertidos, como foi da primeira vez. Eles se olham, conversam, sorriem, riem, juntos. Todos juntos. Fabi sonha, e como sonha. Quero deixar um pouco mais compreensível ao leitor que Fabi costuma ser chamada de "típica mulher cheia de caraminholas na cabeça" por amigos, família, amores, desamores e até pelo porteiro do seu prédio, que já presenciou inúmeras despedidas de sujeitos diferentes que queriam é se escapar o mais rápido possível, deixando Fabi a suspirar.
O que ela quer, nem ela sabe. Aprendeu o que não quer mais, o que a desgasta e traz constantemente a sensação de vertigem. Fabi procura, acima de tudo, nunca se satisfazer, pois isto a faria desistir de buscar. Parece insano pensar que sempre buscamos algo que sabemos ser impossível de ser alcançado... mas é assim que o mundo roda e, teorias à parte, tudo sempre se resolve na busca incessante de algo que nos complete. Ilusão de fusão, igual àquela em que somos arrancados do ventre e posteriormente obrigados a disputar a mãe com um terceiro? Sabe-se lá o que se passa na cabeça de Fabi, mas que ela pretende não conseguir o que quer, isto é certo.
Pode ser que hoje ela invente uma nova filosofia de vida e se jogue nos braços de um conquistador qualquer, para que tão logo ela seja destroçada em suas fantasias e depois produza mais um de seus livros esplêndidos sobre a angústia constante de ser humano.
Pode ser. O que é, pra ela, sonhar então? É se deparar com o desejo insuficiente, com a renúncia da palavra cheia de significações, do recalque de algo insuportável aos olhos e coração, tão sensíveis depois de tantas tentativas?
O que é, pra ela, realizar o sonho? É aniquilar as expectativas? É concretizar o que tem de melhor na vida? É limitar todas as suas vontades? Ou, acima de tudo, é tornar finito o hall de possibilidades em que ela se vê para mudar?

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