quinta-feira, 13 de agosto de 2009

a culpa é sua

Ele foi embora. Deu Adeus e partiu, subitamente, assim como mostrou-se de início nesta história confusa e difusa. Nós dois sabíamos disso, sabíamos das dificuldades, sabíamos de tudo, poderíamos ter dito isso e muito mais, mas o sentimento calado, velado e atropelado tomou conta dos nossos momentos e assim, continuamos passando por cima de tudo, como se aquilo fosse algo trivial. Não sei ainda se devo iniciar esta ideia com um pedido de desculpas, por isso te peço compreensão. Foi algo trivial. Foi belo, foi divertido, inovador, uma experiência de aprendizagem.. mas todas são. Eu entendo que o seu pedido tenha sido justamente que isto não acontecesse, mas eu não posso engolir esta onda de franqueza guela abaixo e sorrir, iludindo cada dia mais alguém que estimo tanto. Pode ter sido este o problema.. a estima.
Não é de hoje que eu percebo a minha inquietante admiração por pessoas que não estão no hall das mais queridas. Para alguém que nada na piscina rasa: "Ela gosta é dos cafajestes". Mas eu não nado na piscina rasa. Eu nem nado. Eu me afundo no alto mar escuro e gelado, nas profundezas de qualquer coisa que pareça natural e ...trivial para alguns. Eu fui, sim, bem a fundo no que vivemos. Talvez tenha sido este o outro problema. O ideal era que eu me desligasse dessas análises apontadas para tudo e para todos. Freud, levanta deste túmulo e me salva da Psicanálise! Está incontrolável.. será um prenúncio de uma formação?

Bueno, deixando o acadêmico de lado - já (não)suportando o reinício das aulas tão brevemente -, voltemos, caros colegas, aos problemas da questão. É possível se desligar? A intenção era ao menos dar um Pause nas ligações neuronais incomodativas, mesmo que eu saiba que aonde quer que eu vá, eu vou achar defeito em algo. Ô imperfeição, para que fostes apresentada a mim? Eu gostava de ser Narcisa...

Pois bem, eu até dei a pausa necessária.. mas afundei fundo (permita-me a redundância, estou sensível) em outros mares que, vejo agora, não deveria ter-me afundado. 'tudo é válido na vida.. as experiências servem de aprendizado.. prefira arrepender-se por não ter feito..' é tudo muito fofo no discurso alheio. De fato, aprende-se vivendo, mas será que não podemos ser poupados ( ou, neste caso, pouparmos alguém ) do sofrimento? Eu não sou má, só me descobri... digamos assim.. desapegada.

A questão é que você não me deu chances de dar Adeus. A sua despedida não foi escancarada, como a sua chegada. Foi um seco 'boa noite' que selou a carta enviada para a Finlândia, sem previsão de retorno.


Interrompo a narrativa para finalizar com um pensamento que me impede de fazer qualquer outra coisa.
O dito cujo está bem acomodado, sentado no pudim, seguindo os referenciais psicanalíticos que o cercam. Ousadia, é uma palavrinha que estampou-se em sua testa quando reparei na presença de alguém notório e ao mesmo tempo discreto. No entanto, parece-me que tens medo de ousar, mesmo que não queiras, eu compreendo, seguir a estória. Rasgue as cortinas que te separam da vida real.. e pare de se esconder nos Seminários.

Retornando, não gosto de deixar inacabado. Eu não me despedi, mas com razão. Não me despedi de algo que eu não entrei. Não aprofundamos, nadamos no raso. E foi aprendizado, sabemos o que se passa nesses Km de distância.., então, deixemos assim.

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