quinta-feira, 20 de agosto de 2009

somos quem podemos ser

Ganthal gostava das pequenezas, dos detalhes sórdidos, das distrações minuciosas, que ocupavam suas mãos, sua boca, seus olhos, seu tudo.


São nesses detalhes em que ela se apoia. Pobre Ganthal, se soubesse que muito na vida é feito e percebido no âmbito da Gestalt da coisa. Após suas sucessivas desilusões amorosas, Ganthal precisava mesmo era de alguém que a entendesse, sem recriminações, cerimônias e mentiras. Há tempos que ela se questiona qual o verdadeiro significado de sua personalidade, se assim Freud a permitir explorar.. o que a incomoda é saber que não há meios nem fins de se chegar à uma verdade plena, o que a frustra; mesmo que saiba que este encontro poderia lhe causar sérios impactos desagradáveis. Ela quer a verdade, ela quer a transparência. De si, dos outros, do que mais? Saber quem se é e assumir com defeitos e furos é uma virtude admirável, devemos admitir. Mas, caros colegas, digam-me por favor: seria natural sentir-se mais desconfortável diante da verdade dolorosa ao invés de mentir e esconder o que nós achamos ser insignificante?

Sábio foi quem proclamou que a verdade dói. Pois dói, mesmo. Gostaria de poder encontrar argumentos que constrastassem com essas afirmações e que me aliviassem da culpa, mas eu já entendo, nesse meu pedaço de vida, que o processo do crescimento é análogo à transformação da largarta em borboleta. Pode demorar um tempo, do geral eu entendo, eu sei que em suma as coisas ficarão bem (assim espero). Mas não sei como fazer, não me sinto apta a progredir nos pormenores. É, Ganthal, sinto que estou contagiada. Eu também gosto dos detalhes, pois neles é que eu não sei agir.

Nenhum comentário: